sábado, 3 de janeiro de 2009

Poesias (Autores Brasileiros)


Poesias (Autores Brasileiros) ...Continuação
Fere de leve a frase... E esquece... Nada
Convém que se repita...
Só em linguagem amorosa agradaA mesma coisa cem mil vezes dita.
Mario Quintana
PROJETO DE PREFÁCIO
Sábias agudezas... refinamentos...- não!
Nada disso encontrarás aqui.
Um poema não é para te distraírescomo com essas imagens mutantes de caleidoscópios.Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe
Um poema não é também quando paras no fim,porque um verdadeiro poema continua sempre...Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a mortenão tem sentido: é um pobre chocalho de palavras.
Mario Quintana
DO AMOROSO ESQUECIMENTO
Eu agora - que desfecho!Já nem penso mais em ti...Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?
Mario Quintana - Espelho Mágico
AH! OS RELÓGIOS
Amigos, não consultem os relógiosquando um dia eu me for de vossas vidasem seus fúteis problemas tão perdidasque até parecem mais uns necrológios...
Porque o tempo é uma invenção da morte:não o conhece a vida - a verdadeira -em que basta um momento de poesiapara nos dar a eternidade inteira.
Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:não cabe, a cada qual, uma porção.
E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -acaso lhes indaga que horas são...
Mario Quintana - A Cor do Invisível
DAS UTOPIAS
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!
Mario Quintana - Espelho Mágico
POEMINHO DO CONTRA
Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!
Mario Quintana
O SILÊNCIO
Convivência entre o poeta e o leitor, só no silêncio da leitura a sós. A sós, os dois. Isto é, livro e leitor. Este não quer saber de terceiros, não quer que interpretem, que cantem, que dancem um poema. O verdadeiro amador de poemas ama em silêncio...
Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo
EU ESCREVI UM POEMA TRISTE
Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escrevesFaço barcos de papel!
Mario Quintana - A Cor do Invisível
SINÔNIMO
SEsses que pensam que existem sinônimos, desconfio que não sabem distinguir as diferentes nuanças de uma cor.
Mario Quintana (Caderno H)
CANÇÃO DO AMOR IMPREVISTO
Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.
Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada,Com o teu passo leve,Com esses teus cabelos...
E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreendernada, numa alegria atônita...
A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos.
Mario Quintana
POEMA
Mas por que datar um poema? Os poetas que põem datas nos seus poemas me lembram essas galinhas que carimbam os ovos...
Mario Quintana (Caderno H)
RECORDO AINDA
Recordo ainda... e nada mais me importa...Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...
Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!E eu pendurei na galharia tortaTodos os meus brinquedos de criança...
Estrada afora após segui...
Mas, aí,Embora idade e senso eu aparente
Não vos iludais o velho que aqui vai:Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai!...
Que envelheceu, um dia, de repente!...
Mario Quintana
O TRÁGICO DILEMA
Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro.
Mario Quintana
(Caderno H)BILHETE
Se tu me amas,ama-me baixinho.
Não o grites de cima dos telhados,deixa em paz os passarinhos.
Deixa em paz a mim!
Se me queres,enfim,.....tem de ser bem devagarinho,.....amada,.....que a vida é breve,.....e o amor.....mais breve ainda.
Mario Quintana
OS POEMAS
Os poemas são pássaros que chegamnão se sabe de onde e pousamno livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôocomo de um alçapão.
Eles não têm pouso nem porto; alimentam-se um instante em cadapar de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti...
Mario Quintana - Esconderijos do Tempo
SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ªfeira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,eu nem olhava o relógio.
Seguia sempre, sempre em frente ...
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
Mario Quintana ( In: Esconderijo do tempo)
O amor é quando a gente mora um no outro.
SIMULTANEIDADE
Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver! - Você é louco? - Não, sou poeta.
Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo
ESPELHO
Por acaso, surpreendo-me no espelho:
Quem é esse que me olha e é tão mais velho que eu? (...) Parece meu velho pai - que já morreu! (...)
Nosso olhar duro interroga:"O que fizeste de mim?" Eu pai? Tu é que me invadiste.
Lentamente, ruga a ruga... Que importa!
Eu sou ainda aquele mesmo menino teimoso de sempre
E os teus planos enfim lá se foram por terra,Mas sei que vi, um dia - a longa, a inútil guerra!
Vi sorrir nesses cansados olhos um orgulho triste...
Mario Quintana
Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente ... e não a gente a ele!
Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo
A RUA DOS CATAVENTOS
Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.
Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,Como único bem que me ficou.Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arracar a luz sagrada!
Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!
Mario Quintana
CLAREIRAS
Se um autor faz você voltar atrás na leitura, seja de um período ou de uma simples frase, não o julgue profundo demais, não fique complexado: o inferior é ele.
A atual crise de expressão, que tanto vem alarmando a velha-guarda que morre mas não se entrega, não deve ser propriamente de expressão, mas de pensamento. Como é que pode escrever certo quem não sabe ao certo o que procura dizer?Em meio à intrincada selva selvaggia de nossa literatura encontram-se às vezes, no entanto, repousantes clareiras. E clareira pertence à mesma família etimológica de clareza... Que o leitor me desculpe umas considerações tão óbvias. É que eu desejava agradecer, o quanto antes, o alerta repouso que me proporcionaram três livros que li na última semana: Rio 1900 de Brito Broca, Fronteira, de Moysés Vellinho e Alguns Estudos, de Carlos Dante de Moraes.Porque, ao ler alguém que consegue expressar-se com toda a limpidez, nem sentimos que estamos lendo um livro: é como se o estivéssemos pensando.E, como também estive a folhear o velho Pascall, na edição Globo, encontrei providencialmente em meu apoio estas palavras, à pág. 23 dos Pensamentos:"Quando deparamos com o estilo natural, ficamos pasmados e encantados, como se esperássemos ver um autor e encontrássemos um homem".
Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo
PEQUENO ESCLARECIMENTO
Os poetas não são azuis nem nada, como pensam alguns supersticiosos, nem sujeitos a ataques súbitos de levitação. O de que eles mais gostam é estar em silêncio - um silêncio que subjaz a quaisquer escapes motorísticos e declamatórios. Um silêncio... Este impoluível silêncio em que escrevo e em que tu me lês.
Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo
POEMA DA GARE DE ASTAPOVO
O velho Leon Tolstoi fugiu de casa aos oitenta anos
E foi morrer na gare de Astapovo!
Com certeza sentou-se a um velho banco,Um desses velhos bancos lustrosos pelo uso
Que existem em todas as estaçõezinhas pobres do mundo
Contra uma parede nua...Sentou-se ...e sorriu amargamente
Pensando que em toda a sua vida
Apenas restava de seu a Gloria,
Esse irrisório chocalho cheio de guizos e fitinhas
Coloridas
Nas mãos esclerosadas de um caduco!
E entao a Morte,Ao vê-lo tao sozinho aquela hora
Na estação deserta,
Julgou que ele estivesse ali a sua espera,Quando apenas sentara para descansar um pouco!
A morte chegou na sua antiga locomotiva
(Ela sempre chega pontualmente na hora incerta...)
Mas talvez não pensou em nada disso, o grande Velho,
E quem sabe se ate não morreu feliz: ele fugiu...
Ele fugiu de casa...
Ele fugiu de casa aos oitenta anos de idade...
Não são todos que realizam os velhos sonhos da infância!
Mario QuintanaI
Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!
Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,Vai colorindo as horas quotidianas...
Jogos da luz dançando na folhagem!Do que eu ia escrever até me esqueço...Pra que pensar? Também sou da paisagem...Vago, solúvel no ar, fico sonhando...E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!
Mario Quintana - A Rua dos Cataventos
DO ESTILO
O estilo é uma dificuldade de expressão.
Mario Quintana (Caderno H)
OBSESSÃO DO MAR OCEANO
Vou andando feliz pelas ruas sem nome...Que vento bom sopra do Mar Oceano!
Meu amor eu nem sei como se chama,Nem sei se é muito longe o Mar Oceano...
Mas há vasos cobertos de conchinhasSobre as mesas... e moças na janelas
Com brincos e pulseiras de coral...
Búzios calçando portas... caravelasSonhando imóveis sobre velhos pianos...
Nisto,
Na vitrina do bric o teu sorriso, Antínous,
E eu me lembrei do pobre imperador Adriano,
De su'alma perdida e vaga na neblina...
Mas como sopra o vento sobre o Mar Oceano!
Se eu morresse amanhã, só deixaria, só,Uma caixa de música
Uma bússolaUm mapa figurado
Uns poemas cheios de beleza única
De estarem inconclusos...
Mas como sopra o vento nestas ruas de outono!
E eu nem sei, eu nem sei como te chamas...
Mas nos encontramos sobre o Mar Oceano,
Quando eu também já não tiver mais nome.
Mario Quintana - O Aprendiz de Feiticeiro
DA OBSERVAÇÃO
Não te irrites, por mais que te fizerem...Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,Teu mais amável e sutil recreio...
Mario Quintana - Espelho Mágico
DOS MUNDOS
Deus criou este mundo. O homem, todavia,Entrou a desconfiar, cogitabundo...
Decerto não gostou lá muito do que via...E foi logo inventando o outro mundo.Mario Quintana - Espelho Mágico
DA DISCRIÇÃO
Não te abras com teu amigoQue ele um outro amigo tem.
E o amigo do teu amigoPossui amigos também...
Mario Quintana - Espelho Mágico
A VERDADEIRA ARTE DE VIAJAR
A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!
Mario Quintana - A verdadeira cor do invisível
O MAPA
Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...(É nem que fosse o meu corpo!)
Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...
Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso...
Mario Quintana - Apontamentos de História Sobrenatural
OS DEGRAUS
Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,Ocultam o próprio enigma. Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...
Mario Quintana - Baú de Espantos
DESTINO ATROZ
Um poeta sofre três vezes: primeiro quando ele os sente, depois quando ele os escreve e, por último, quando declamam os seus versos.
Mario Quintana (Caderno H)
OEMINHA SENTIMENTAL
O meu amor, o meu amor, MariaÉ como um fio telegráfico da estrada
Aonde vêm pousar as andorinhas...De vez em quando chega uma
E canta(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,Mal chega, vai-se embora.
A última que passouLimitou-se a fazer cocôNo meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:As andorinhas é que mudam.
Mario Quintana - Preparativos de Viagem
SEMPRE QUE CHOVE
Sempre que choveTudo faz tanto tempo...
E qualquer poema que acaso eu escreva
Vem sempre datado de 1779!
Mario Quintana - Preparativos de Viagem
INSCRIÇÃO PARA UM PORTÃO DE CEMITÉRIO
Na mesma pedra se encontram,
Conforme o povo traduz,
Quando se nasce - uma estrela,
Quando se morre - uma cruz.
Mas quantos que aqui repousam
Hão de emendar-nos assim:"Ponham-me a cruz no princípio...
a luz da estrela no fim!"
Mario Quintana - A Cor do Invisível
O PIOR
O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso.
Mario Quintana - Caderno H
EXAME DE CONSCIÊNCIA
Se eu amo o meu semelhante? Sim. Mas onde encontrar o meu semelhante?Mario Quintana - Caderno H
A GRANDE SURPRESA
Mas que susto não irão levar essas velhas carolas se
Deus existe mesmo...
Mario Quintana - Caderno H
EVOLUÇÃO
O que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado: é este pressentimento de que ele venha a ser nosso futuro.
Mario Quintana - Caderno H
MÚSICA
O que mais me comove em música
São estas notas soltas- pobres notas únicas - Que do teclado arranca o afinador de pianos.
Mario Quintana
URBANÍSTICA
Como seriam belas as estátuas equestres se constassem apenas dos cavalos!
Mario Quintana
Canção do dia de sempre
Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...
E só ganhar, toda a vida, Inexperiência... esperança... E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu. Nunca dês um nome a um rio: Sempre é outro rio a passar. Nada jamais continua, Tudo vai recomeçar! E sem nenhuma lembrança Das outras vezes perdidas, Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...
Mario Quintana
PRESENÇA
É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o ventodas horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescales
utilmente, no ar, a trevo machucado,as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janelae respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.
Mario Quintana
DA INQUIETA ESPERANÇA
Bem sabes Tu, Senhor, que o bem melhor é aquele
Que não passa, talvez, de um desejo ilusório.
Nunca me dê o Céu... quero é sonhar com ele
Na inquietação feliz do Purgatório.
Mario Quintana
DOS NOSSOS MALES
A nós bastem nossos próprios ais,
Que a ninguém sua cruz é pequenina.
Por pior que seja a situação da China,
Os nossos calos doem muito mais...
Mario Quintana
TROVA
Coração que bate-bate...
Antes deixes de bater!
Só num relógio é que as horasVão passando sem sofrer.Mario Quintana
DOS MILAGRES
O milagre não é dar vida ao corpo extinto,
Ou luz ao cego, ou eloquência ao mudo...
Nem mudar água pura em vinho tinto...
Milagre é acreditarem nisso tudo!
Mario Quintana
AS ESCOLAS
Pertencer a uma escola poética é o mesmo que ser condenado à prisão perpétua.
Mario Quintana (Caderno H)
ESPERANÇA
Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E— ó delicioso vôo!Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?E ela lhes dirá(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
Mario Quintana
CUIDADO
A poesia não se entrega a quem a define.
ario Quintana (Caderno H)
SE EU FOSSE UM PADRE
Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,não falaria em
Deus nem no Pecado- muito menos no Anjo Rebelado e os encantos das suas seduções,não citaria santos e profetas:nada das suas celestiais promessa sou das suas terríveis maldições...Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,Rezaria seus versos, os mais belos,desses que desde a infância me embalarame quem me dera que alguns fossem meus!
Porque a poesia purifica a alma... a um belo poema - ainda que de Deus se aparte -um belo poema sempre leva a Deus!
Mario Quintana
ARTAZ PARA UMA FEIRA DO LIVRO
Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem.
Mario Quintana (Caderno H)
VERSO AVULS
O...O luar é a luz do sol que está dormindo...
Mario Quintana(Mario Quintana - Poesia Completa Da Preguiça como Método de Trabalho Editora Nova Aguilarp. 672)
A SAUDADE
A saudade é o que faz as coisas pararem no Tempo.
Mario Quintana(Mario Quintana - Poesia Completa Preparativos de Viagemp. 773)
O BERÇO E O TERREMOTO
Os versos, em geral, são versos de embalar, como eu às vezes os tenho feito, não sei se por simples complacência... ou pura piedade.
Contudo, os verdadeiros versos não são para embalar - mas para abalar.Mesmo a mais simples canção, quando a canta um Camela Lorca, desperta-te a alma para um mundo de espanto.
Mario Quintana(Mario Quintana - Poesia Completa Caderno H Editora Nova Aguilarp. 334)
BIOGRAFIA
Era um grande nome — ora que dúvida! Uma verdadeira glória. Um dia adoeceu, morreu, virou rua... E continuaram a pisar em cima dele.Mario Quintana (Caderno H)
CANÇÃO DE BARCO E DE OLVIDO
Para Augusto MeyerNão quero a negra desnuda.
Não quero o baú do morto.
Eu quero o mapa das nuvens
E um barco bem vagaroso.
Ai esquinas esquecidas...Ai lampiões de fins de linha...
Quem me abana das antigas
Janelas de guilhotina?
Que eu vou passando e passando,Como em busca de outros ares...Sempre de barco passando,
Cantando os meus quintanares...
No mesmo instante olvidando
Tudo o de que te lembrares.Mario Quintana (Canções)
ARTE POÉTICA
Esquece todos os poemas que fizeste. Que cada poema seja o número um.Mario Quintana (Caderno H)XII
Para Érico Veríssimo
O dia abriu seu pára-sol bordado
De nuvens e de verde ramaria.
E estava até um fumo, que subia,
Mi-nu-ci-o-sa-men-te desenhado.
Depois surgiu, no céu azul arqueado,A Lua - a Lua! - em pleno meio-dia.
Na rua, um menininho que seguia
Parou, ficou a olhá-la admirado...
Pus meus sapatos na janela alta
,Sobre o rebordo... Céu é que lhes falta
Pra suportarem a existência rude!
E eles sonham, imóveis, deslumbrados,Que são dois velhos barcos, encalhadosSobre a margem tranqüila de um açude...
Mario Quintana (A Rua dos Cataventos)
A ARTE DE LER
O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria.Mario Quintana (Caderno H)
O AUTO-RETRATO
No retrato que me faço- traço a traço -às vezes me pinto nuvem,às vezes me pinto árvore...às vezes me pinto coisasde que nem há mais lembrança...ou coisas que não existemmas que um dia existirão...e, desta lida, em que busco- pouco a pouco -minha eterna semelhança,no final, que restará?
Um desenho de criança...Corrigido por um louco!
Mario Quintana (Apontamentos de História Sobrenatural)
A CARTA
Quando completei quinze anos, meu compenetrado padrinho me escreveu uma carta muito, muito séria: tinha até ponto-e-vírgula! Nunca fiquei tão impressionado na minha vida.Mario Quintana (Caderno H)
O MORTO
Eu estava dormindo e me acordaramE me encontrei, assim, num mundo estranho e louco...E quando eu começava a compreendê-loUm pouco,Já eram horas de dormir de novo!
Mario Quintana (Apontamentos de História Sobrenatural)
A COISA
A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita.
Mario Quintana (Caderno H)
A CANÇÃO DA VIDA
A vida é loucaa vida é uma sarabandaé um corrupio...
A vida múltipla dá-se as mãos como um bandode raparigas em flore está cantandoem torno a ti:Como eu sou belaamor!Entra em mim, como em uma telade Renoirenquanto é primavera,enquanto o mundonão poluiro azul do ar!Não vás ficarnão vás ficaraí...como um salso chorandona beira do rio...(Como a vida é bela! como a vida é louca!)
Mario Quintana (Esconderijos do Tempo)
AS INDAGAÇÕES
A resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas.
Mario Quintana (Caderno H)
OS ARROIOS
Os arroios são rios guris...Vão pulando e cantando dentre as pedras.
Fazem borbulhas d'água no caminho: bonito!
Dão vau aos burricos,às belas morenas,curiosos das pernas das belas morenas.E às vezes vão tão devagarque conhecem o cheiro e a cor das floresque se debruçam sobre eles nos matos que atravessame onde parece quererem sestear.
Às vezes uma asa branca roça-os, súbita emoçãocomo a nossa se recebêssemos o miraculoso encontrãode um Anjo...Mas nem nós nem os rios sabemos nada disso.Os rios tresandam óleo e alcatrãoe refletem, em vez de estrelas,os letreiros das firmas que transportam utilidades.
Que pena me dão os arroios,os inocentes arroios...
Mario Quintana (Baú de Espantos)
ARS LONGA
Um poema só termina por acidente de publicação ou de morte do autor.
Mario Quintana (Caderno H)
EU QUERIA TRAZER-TE UNS VERSOS MUITO LINDOS
Eu queria trazer-te uns versos muito lindoscolhidos no mais íntimo de mim...Suas palavrasseriam as mais simples do mundo, porém não sei que luz as iluminaria
que terias de fechar teus olhos para as ouvir...Sim! Uma luz que viria de dentro delas,como essa que acende inesperadas coresnas lanternas chinesas de papel!Trago-te palavras, apenas... e que estão escritasdo lado de fora do papel... Não sei, eu nunca soube o que dizer-tee este poema vai morrendo, ardente e puro, ao ventoda Poesia...comouma pobre lanterna que incendiou!
Mario Quintana (Quintana de Bolso)
A VOZ
Ser poeta não é dizer grandes coisas, mas ter uma voz reconhecível dentre todas as outras.Mario Quintana (Caderno H)
CARTA
Meu caro poeta,Por um lado foi bom que me tivesses pedido resposta urgente, senão eu jamais escreveria sobre o assunto desta, pois não possuo o dom discursivo e expositivo, vindo daí a dificuldade que sempre tive de escrever em prosa. A prosa não tem margens, nunca se sabe quando, como e onde parar. O poema, não; descreve uma parábola tracada pelo próprio impulso (ritmo); é que nem um grito. Todo poema é, para mim, uma interjeição ampliada; algo de instintivo, carregado de emoção. Com isso não quero dizer que o poema seja uma descarga emotiva, como o fariam os românticos. Deve, sim, trazer uma carga emocional, uma espécie de radioatividade, cuja duração só o tempo dirá. Por isso há versos de Camões que nos abalam tanto até hoje e há versos de hoje que os pósteros lerão com aquela cara com que lemos os de Filinto Elísio. Aliás, a posteridade é muito comprida: me dá sono. Escrever com o olho na posteridade é tão absurdo como escreveres para os súditos de Ramsés II, ou para o próprio Ramsés, se fores palaciano. Quanto a escrever para os contemporâneos, está muito bem, mas como é que vais saber quem são os teus contemporâneos? A única contemporaneidade que existe é a da contingência política e social, porque estamos mergulhados nela, mas isto compete melhor aos discursivos e expositivos , aos oradores e catedráticos. Que sobra então para a poesia? - perguntarás. E eu te respondo que sobras tu. Achas pouco? Não me refiro à tua pessoa, refiro-me ao teu eu, que transcende os teus limites pessoais, mergulhando no humano. O Profeta diz a todos: "eu vos trago a verdade", enquanto o poeta, mais humildemente, se limita a dizer a cada um: "eu te trago a minha verdade." E o poeta, quanto mais individual, mais universal, pois cada homem, qualquer que seja o condicionamento do meio e e da época, só vem a compreender e amar o que é essencialmente humano. Embora, eu que o diga, seja tão difícil ser assim autêntico. Às vezes assalta-me o terror de que todos os meus poemas sejam apócrifos!Meu poeta, se estas linhas estão te aborrecendo é porque és poeta mesmo. Modéstia à parte, as disgressões sobre poesia sempre me causaram tédio e perplexidade. A culpa é tua, que me pediste conselho e me colocas na insustentável situação em que me vejo quando essas meninas dos colégios vêm (por inocência ou maldade dos professores) fazer pesquisas com perguntas assim: "O que é poesia? Por que se tornou poeta? Como escrevem os seus poemas?" A poesia é dessas coisas que a gente faz mas não diz.A poesia é um fato consumado, não se discute; perguntas-me, no entanto, que orientação de trabalho seguir e que poetas deves ler. Eu tinha vontade de ser um grande poeta para te dizer como é que eles fazem. Só te posso dizer o que eu faço. Não sei como vem um poema. Às vezes uma palavra, uma frase ouvida, uma repentina imagem que me ocorre em qualquer parte, nas ocasiões mais insólitas. A esta imagem respondem outras. Por vezes uma rima até ajuda, com o inesperado da sua associação. (Em vez de associações de idéias, associações de imagem; creio ter sido esta a verdadeira conquista da poesia moderna.) Não lhes oponho trancas nem barreiras. Vai tudo para o papel. Guardo o papel, até que um dia o releio, já esquecido de tudo (a falta de memória é uma bênção nestes casos). Vem logo o trabalho de corte, pois noto logo o que estava demais ou o que era falso. Coisas que pareciam tão bonitinhas, mas que eram puro enfeite, coisas que eram puro desenvolvimento lógico (um poema não é um teorema) tudo isso eu deito abaixo, até ficar o essencial, isto é, o poema. Um poema tanto mais belo é quanto mais parecido for com o cavalo. Por não ter nada de mais nem nada de menos é que o cavalo é o mais belo ser da Criação.Como vês, para isso é preciso uma luta constante. A minha está durando a vida inteira. O desfecho é sempre incerto. Sinto-me capaz de fazer um poema tão bom ou tão ruinzinho como aos 17 anos. Há na Bíblia uma passagem que não sei que sentido lhe darão os teólogos; é quando Jacob entra em luta com um anjo e lhe diz: "Eu não te largarei até que me abençoes". Pois bem, haverá coisa melhor para indicar a luta do poeta com o poema? Não me perguntes, porém, a técninca dessa luta sagrada ou sacrílega. Cada poeta tem de descobrir, lutando, os seus próprios recursos. Só te digo que deves desconfiar dos truques da moda, que, quando muito, podem enganar o público e trazer-te uma efêmera popularidade.Em todo caso, bem sabes que existe a métrica. Eu tive a vantagem de nascer numa época em que só se podia poetar dentro dos moldes clássicos. Era preciso ajustar as palavras naqueles moldes, obedecer àquelas rimas. Uma bela ginástica, meu poeta, que muitos de hoje acham ingenuamente desnecessária. Mas, da mesma forma que a gente primeiro aprendia nos cadernos de caligrafia para depois, com o tempo, adquirir uma letra própria, espelho grafológico da sua individualidade, eu na verdade te digo que só tem capacidade e moral para criar um ritmo livre quem for capaz de escrever um soneto clássico. Verás com o tempo que cada poema, aliás, impõe sua forma; uns, as canções, já vêm dançando, com as rimas de mãos dadas, outros, os dionisíacos (ou histriônicos, como queiras) até parecem aqualoucos. E um conselho, afinal: não cortes demais (um poema não é um esquema); eu próprio que tanto te recomendei a contenção, às vezes me distendo, me largo num poema que vai lá seguindo com os detritos, como um rio de enchente, e que me faz bem, porque o espreguiçamento é também uma ginástica. Desculpa se tudo isso é uma coisa óbvia; mas para muitos, que tu conheces, ainda não é; mostra-lhes, pois, estas linhas.Agora, que poetas deves ler? Simplesmente os poetas de que gostares e eles assim te ajudarão a compreender-te, em vez de tu a eles. São os únicos que te convêm, pois cada um só gosta de quem se parece consigo. Já escrevi, e repito: o que chamam de influência poética é apenas confluência. Já li poetas de renome universal e, mais grave ainda, de renome nacional, e que no entanto me deixaram indiferente. De quem a culpa? De ninguém. É que não eram da minha família.Enfim, meu poeta, trabalhe, trabalhe em seus versos e em você mesmo e apareça-me daqui a vinte anos. Combinado?Mario Quintana
MARIO QUINTANA POR MARIO QUINTANA ( texto escrito pelo poeta para a revista Isto É de 14/11/1984 )Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Há ! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas... Aí vai ! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas : ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a eternidade.Nasci do rigor do inverno, temperatura : 1 grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro – o mesmo tendo acontecido a Sir Isaac Newton ! Excusez du peu.Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que nunca acho que escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso ! sou é caladão, instrospectivo. Não sei por que sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros ?Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de fármacia durante 5 anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Erico Veríssimo – que bem sabem ( ou souberam) , o que é a luta amorosa com as palavras.Mario Quintana ( texto escrito pelo poeta para a revista Isto É de 14/11/1984 )


Aquarela

Não sei se a vida é curta ou longa demais para nós.
Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove

E isso não é coisa de outro mundo.
É o que dá sentido a vida.
É o que faz com que ela não seja curta, nem longa demais.
Mas que seja intensa, verdadeira e pura enquanto durar.

Cora Coralina

Receita de ano novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade

3 comentários:

  1. Oi Gloria, obrigado por acompanhar meu blog. Você retirou aquele post das novas regras da língua portuguesa? Eu tinha indicado seu blog pra ver esse post... Abr!

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  2. Olha lá nos comentários se der: http://zandali.blogspot.com/2009/01/as-favoritas-da-favorita.html

    Abr!

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  3. Mario Quintana in English

    IF I WERE A PRIEST (SE EU FOSSE UM PADRE)

    If I were a priest,
    I would not, in my sermons,
    speak of God,
    or of moral corruption
    —much less talk about the
    Rebel Angel
    and his charming
    seduction.

    I would not cite the saints
    and prophets,
    their heavenly
    promises
    or terrible curses...

    If I were a priest,
    I would cite the poets
    and pray their most
    beautiful verses;

    The kind that have lulled me
    since early childhood,
    some of which I wish
    I had written!
    For poetry purifies the soul…

    And a beautiful poem—
    even if distant from God—
    a beautiful poem
    always takes us to Him!

    (Translated by John D. Godinho)
    If I were a priest in Nova Antologia Poética POSTED

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