terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Silêncio


“Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz...”
Gilberto Gil

Que ruídos está ouvindo agora?
Carros lá fora, buzinas, vozes, telefone tocando, máquinas ligadas, música, TV?
Será que viver com tantos ruídos, nos faz bem? E os nossos ouvidos, nunca têm descanso? Eles não foram projetados para o barulho em excesso. Tanto é verdade que, ao conviver com muito barulho, podemos perder parte ou toda a audição.
Em vários momentos da minha vida, fui levada a refletir sobre esse assunto: o silencio e consequentemente sobre o barulho também.
Quando minha primeira filha nasceu, a minha empregada era muito silenciosa. Não se ouvia qualquer ruído enquanto ela fazia seus trabalhos domésticos. Nada de panelas batendo, louças quebrando, barulho de talheres se esfregando ao lavar, ou objetos caindo. Ela executava todas as suas tarefas com muita competência e completamente silenciosa. No início, eu pensava que a razão do silêncio era unicamente para não acordar o bebe, mas depois fui descobrindo que a ela era realmente uma pessoa do silêncio.
Tempos depois, numa visita à livraria, comprei um livro para minhas filhas chamado "Barulhinho do Silêncio", que conta a história de um menino que não conseguia dormir porque o silêncio da noite fazia barulhos e ele estava com medo. A mãe vai esclarecendo, um a um, os diversos ruídos da noite. O menino se tranqüiliza e dorme sossegado. No dia seguinte, o menino acorda entusiasmado para descobrir os outros sons e fica observando os sons matinais: o canto dos pássaros, ruídos de alguém preparando o café na cozinha, ouviu até o tum-tum do coração de sua mãe.
No Livro “O Poder do silêncio”, o autor diz que a verdadeira inteligência atua silenciosamente. É no silêncio que encontramos as respostas, a verdadeira sabedoria e a capacidade de manter a tranqüilidade, o silêncio interior.
Todos esses episódios me fizeram prestar mais atenção nos ruídos do dia-a-dia e principalmente no silêncio, e fui passando isso para as minhas filhas. Falar mais baixo, não usar sapatos barulhentos para não incomodar o vizinho do andar inferior. Descobri que não preciso de barulho, que o silencio só faz bem e pode me trazer muitos benefícios. Com ele consigo eliminar as ansiedades, o stress e as preocupações.
Hoje, é no silêncio que eu me encontro, ponho os pensamentos em ordem, relaxo, reflito, descanso. É no meu silencio que encontro o equilíbrio, a minha concentração, a minha paz.
"Só se deve falar quando o que se tem a dizer
é mais precioso que o silêncio”.
Ficar calado é uma tarefa difícil para muitos, eu diria que é uma arte, a difícil arte de saber ficar calado e, se pararmos pra pensar, quase tudo de importante que fazemos, é feito em silêncio.
Quando queremos falar alguma coisa séria, íntima ou um segredo, baixamos o tom de voz.
Para aprender, calamos e ouvimos.
Nas grandes perdas afetivas, nada como o silêncio para assimilar os acontecimentos, refletir, meditar e aceitar os fatos.
Em muitos momentos, o melhor é mesmo ficar em silêncio.
Numa situação de conflito é necessário calar e ouvir os sons da alma. Com o silêncio aceitamos os fatos, encontramos respostas.
Quando não encontramos as palavras, emudecemos, calamos. Nesta hora, um abraço, um aperto de mão, um toque, substituem muitas palavras.
Quando o silencio é eloqüente, as palavras perdem o sentido, ficam inúteis.
Às vezes o silêncio nos revela verdades terríveis, mas com o silêncio conseguimos reparar nas coisas mais simples, valorizar o que é belo, ouvir o que faz sentido. Ouvir pensamentos e sentimentos.
Em silêncio, descobrimos o que temos dentro da alma.
O silêncio cura...
Se o silêncio não fosse tão importante, creio que não estaríamos numa constante busca pela tranqüilidade.
O silêncio é uma arma poderosa para encontrar a calma e paz. Melhorar a convivência, saber administrar os pensamentos e evitar falatórios desnecessários. Reclamações vazias desgastam qualquer relacionamento, seja afetivo ou profissional.
Ser uma pessoa silenciosa, não significa deixar de expressar idéias, pensamentos ou sentimentos. É bom explorar o silencio interno.
Todos querem falar com Deus, mas ninguém
presta atenção ao que ele diz porque ele fala no silêncio”
Há pessoas que produzem mais com barulho, para outras é necessário ouvir o barulho do silêncio , porque o silêncio absoluto não existe.
Convivemos com tanto barulho que o silencio pode incomodar algumas pessoas.
Estamos acostumados com o barulho e dependendo do estado psicológico, somos capazes de nos adaptar à poluição sonora. Estamos prontos para enfrentar todos os barulhos e somos capazes de transformar também. Tudo é uma questão de treino, de hábito. Existe até a “Lei do Silêncio”, mas o que manda é o bom senso.
Com o barulho, a glândula supra renal libera o hormônio da ansiedade e do stress – o cortisol. Ele dilata as pupilas, altera batimentos cardíacos, o barulho passa a ser uma ameaça.
“O verdadeiro poder chega sem ruído,
sem alarde e sem violência”.
O encontro com o silêncio interno é fundamental para encontrar o equilíbrio, Muitos já descobriram isso. Agora, deixo um convite a todos: Buscar um pouco de silêncio e tentar esvaziar a mente, dar uma pausa na correria do dia-a-dia e fazer uma busca interior para descobrir os seus ruídos internos. Ouvir os pensamentos e sentimentos, explorar o seu silêncio interior. Não é necessário raspar a cabeça, se mudar para um mosteiro, ou se sentar em posição de lótus. É só buscar um pouquinho de silêncio, deixar a mente quieta e o coração tranqüilo. Tente!
"O silêncio é um amigo que nunca trai,
já o barulho pode fazer misérias por você!” Confúcio

4 comentários:

  1. hum... cultivar o silêncio... aprender a liar com ele! um grande aprendizado!

    beijos e bom final de semana!

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  2. Interessantes experiências, você aprendeu muito com isso. Não fica fácil encontrar momentos de silêncio, esses que preciso para estudar, parece que há gente que pensa que o silêncio é insuportável. :-)
    Um beijo,amiga.

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  3. Zandali,
    Tenho meus moemntos de silêncio e são muitos ganhos que tenho com isso.
    um abraço.

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  4. Jorge,
    Vivemos num mundo louco, onde a poluição sonora faz parte do nosso dia a dia e momentos de silêncio realmente são muito preciosos.
    um abraço.

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