quinta-feira, 23 de abril de 2009

Felicidade Realista

A princípio bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote
louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser
magérrimos, sarados, irresistíveis.
inheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema:queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.
E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos
conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar
pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente
apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes
inesperados, queremos jantar a luz de velas de segunda a domingo, queremos
sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.
É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser
felizes de uma forma mais realista.
Ter um parceiro constante pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode
ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um
parceiro, feliz sem nenhum.
Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.
Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo.
Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se
sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco
que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um
pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.
Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável.
Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato,amar sem almejar o eterno.
Olhe para o relógio: hora de acordar
É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza,
instiga e conduz, mas sem exigir-se desumanamente.
A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio.
Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta
demais, reduza-a.
Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu própriojogo.
Faça o que for necessário para ser feliz.
Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode
encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.
Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca
inquietude no nosso coração.
Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade."
(Mário Quintana)

sábado, 18 de abril de 2009

Dia do Amigo

"Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!" Vinícius de Moraes

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Estação das Perdas

Há horas em nossa vida que somos tomados por
uma enorme sensação de inutilidade, de vazio.
Questionamos o porquê de nossa existência e
nada parece fazer sentido.
Concentramos nossa atenção no lado mais cruel
da vida, aquele que é implacável e a todos afeta
indistintamente: As perdas do ser humano.
Ao nascer, perdemos o aconchego,
a segurança e a proteção do útero.
Estamos, a partir de então, por nossa conta.
Sozinhos.
Começamos a vida em perda e nela continuamos.
Paradoxalmente, no momento em que perdemos algo,
outras possibilidades nos surgem.
Ao perdermos o aconchego do útero,
ganhamos os braços do mundo.
Ele nos acolhe: nos encanta e nos assusta,
nos eleva e nos destrói.
E continuamos a perder e seguimos a ganhar.
Perdemos primeiro a inocência da infância.
A confiança absoluta na mão que segura nossa mão,
a coragem de andar na bicicleta sem rodinhas
por que alguém ao nosso lado nos assegura
que não nos deixará cair...
E ao perdê-la, adquirimos a capacidade de questionar.
Por que? Perguntamos a todos e de tudo.
Abrimos portas para um novo mundo e fechamos janelas,
irremediavelmente deixadas para trás.
Estamos crescendo.
Nascer,
crescer,
adolescer,
amadurecer,
envelhecer,
morrer
Vamos perdendo aos poucos alguns
direitos e conquistando outros.
Perdemos o direito de poder chorar bem
alto, aos gritos mesmo, quando algo
nos é tomado contra a vontade.
Perdemos o direito de dizer absolutamente
tudo que nos passa pela cabeça sem
medo de causar melindres.
Assim, se nossa tia às vezes nos parece gorda
tememos dizer-lhe isso.
Receamos dar risadas escandalosamente da
bermuda ridícula do vizinho ou puxar as
pelanquinhas do braço da vó com a
maior naturalidade do mundo e ainda
falar bem alto sobre o assunto.
Estamos crescidos e nos ensinam que não
devemos ser tão sinceros.
E aprendemos.
E vamos adolescendo ganhamos peso,
ganhamos,
seios,
ganhamos pelos,
ganhamos altura,
ganhamos o mundo.
Neste ponto, vivemos em grande conflito.
O mundo todo nos parece inadequado
aos nossos sonhos ah! os sonhos!!!
Ganhamos muitos sonhos.
Sonhamos dormindo,
sonhamos acordados,
sonhamos o tempo todo.
Aí, de repente, caímos na real!
Estamos amadurecendo, todos nos admiram.
Tornamo-nos equilibrados, contidos, ponderados.
Perdemos a espontaneidade.
Passamos a utilizar o raciocínio, a razão acima de tudo.
Mas não é justamente essa a condição que nos coloca
acima dos outros animais?
A racionalidade, a capacidade de organizar nossas ações
de modo lógico e racionalmente planejado?
E continuamos amadurecendo ganhamos um carro novo,
um companheiro,
ganhamos um diploma.
E desgraçadamente perdemos o direito de gargalhar,
de andar descalço, tomar banho de chuva,
lamber os dedos e soltar pum sem querer.
Mas perdemos peso!!!
Já não pulamos mais no pescoço de quem amamos
e tascamos - lhe aquele beijo estalado,
mas apertamos as mãos de todos,
ganhamos novos amigos,
ganhamos um bom salário,
ganhamos reconhecimento,
honrarias,
títulos honorários e
a chave da cidade.
E assim, vamos ganhando tempo.
enquanto envelhecemos.
De repente percebemos que ganhamos algumas rugas,
algumas dores nas costas (ou nas pernas),
ganhamos celulite, estrias, ganhamos peso.
e perdemos cabelos.
Nos damos conta que perdemos
também o brilho no olhar,
esquecemos os nossos sonhos,
deixamos de sorrir.
Perdemos a esperança.
Estamos envelhecendo.
Não podemos deixar pra fazer algo
quando estivermos morrendo.
Afinal, quem nos garante que haverá mesmo
um renascer, exceto aquele que se faz em vida,
pelo perdão a si próprio, pelo compreender que
as perdas fazem parte, mas que apesar delas,
o sol continua brilhando e felizmente
chove de vez em quando,
que a primavera sempre chega após o inverno,
que necessita do outono que o antecede.
Que a gente cresça e não envelheça simplesmente.
Que tenhamos dores nas costas e alguém que as massageie.
Que tenhamos rugas e boas lembranças.
Que tenhamos juízo mas mantenhamos o bom humor
e um pouco de ousadia.
Que sejamos racionais, mas lutemos por nossos sonhos.
E, principalmente, que não digamos apenas eu te amo,
mas ajamos de modo que aqueles a quem amamos,
sintam-se amados mais do que saibam-se amados.